quinta-feira, 26 de julho de 2018

GRANDES PERSONAGENS DA NOSSA HISTÓRIA - ISABEL MARIA DE ALCÂNTARA BRASILEIRA



Isabel Maria de Alcântara Brasileira, primeira e única duquesa de Goiás, (Rio de Janeiro23 de maio de 1824 — Murnau am Staffelsee3 de novembro de 1898), foi a filha do imperador Dom Pedro I do Brasil e de sua amante, Domitila de Castro Canto e Melo, a marquesa de Santos, tendo sido batizada a 31 de maio de 1824.
Foi legitimada, ou seja, reconhecida como filha do imperador, em 24 de maio de 1826, por decreto que lhe concedeu o título nobiliárquico de duquesa de Goiás e o direito de ser tratada por "Sua Alteza, a duquesa de Góias"  – tratamento este que seria inesperado e mesmo irregular pelas tradições monárquicas ibéricas. Graças a isso foi enviada ordem ao quartel-general das forças armadas do Brasil para prestar continências à menina. Era assim, na prática, tratada como uma princesa brasileira e foi considerada no Primeiro Reinado do Império do Brasil uma espécie de protetora da província de Goiás.


Primeiros anos

Isabel Maria nasceu no Rio e Janeiro e foi registrada como filha de pais incógnitos que teria sido abandonada na casa do coronel João de Castro (na verdade, seu avô materno). Nessa condição, ela foi batizada em 31 de maio de 1824 na igreja de São Francisco Xavier do Engenho Velho, tendo como padrinhos os pais da marquesa de Santos.  Pouco antes de seu aniversário de dois anos, o imperador reconheceu publicamente sua paternidade e exigiu que a mesma fosse anotada no assento de batismo da criança. Em decreto datado de 24 de maio de 1826, dom Pedro concedeu-lhe também o título de Duquesa de Goiás, com direito ao tratamento de Alteza.  Os atos imperiais causaram furor na corte e foram comemorados numa festa com pompas de grande gala, celebrada no Palacete do Caminho Novo, a imponente residência que o imperador construiu para a amante nos arredores do Palácio Imperial de São Cristóvão.  Em 6 de junho, perante toda a corte, Isabel Maria foi apresentada oficialmente à imperatriz Leopoldina. A partir de então, a duquesa passou a frequentar o palácio diariamente para ser educada junto com as irmãs.
Dona Leopoldina morreu em dezembro de 1826 e poucos meses depois, em agosto de 1827, Isabel Maria foi levada para viver em definitivo no Palácio de São Cristóvão.  Dom Pedro I casou-se novamente em 1829 e rompeu definitivamente com a marquesa de Santos, que foi enviada de volta a São Paulo. A nova imperatriz, dona Amélia, já havia deixado claro que não permitiria a permanência da pequena duquesa em São Cristóvão e antes mesmo de sua chegada ao Brasil Isabel Maria teve que ser transferida para o Palacete Imperial da Praia Grande - residência oficial de verão durante o primeiro reinado - em Niterói.

Estudos na Europa

D. Pedro I decidiu naquele mesmo ano enviar Isabel Maria para ser educada na Europa. A menina, então com cinco anos, embarcou em 25 de novembro com destino à França, levando uma carta do secretário Francisco Gomes ao visconde de Pedra Branca com a recomendação de que sua instrução deveria ser "a melhor possível para fazer uma freira, com a menor despesa possível, sem contudo faltar à decência devida a uma filha de S.M.I., posto que bastarda." A viagem teve inúmeros percalços: uma tempestade danificou as velas do navio, seus ocupantes foram acometidos por um surto de febre e a duquesa passou a queixar-se de dores no peito. Diante de tal situação, Paulo Martins de Almeida, responsável pela menina, ordenou ao comandante que mudasse o curso para Plymouth, onde aportaram em 8 de fevereiro de 1830.  A comitiva instalou-se em Londres enquanto os viscondes de Itabaiana e de Resende procuravam em Paris um colégio adequado à educação da duquesa.
Isabel Maria finalmente foi levada para Paris e passou a estudar em regime de internato na Ecole du Sacré-Coeur, onde as filhas da aristocracia católica francesa eram educadas. No Brasil, d. Pedro recebia mensalmente relatórios médicos e informações sobre o desenvolvimento da filha. As freiras responsáveis pela escola relatavam que a duquesa era extremamente dócil e, com exceção do piano, vinha saindo-se bem em todas as disciplinas. Todavia, também informavam que era dada a variações de humor quando obrigada a estudar.
Em 7 de abril de 1831, d. Pedro abdicou do trono do Brasil e partiu para a Europa com d. Amélia e a rainha d. Maria II. Após alguns meses como hóspede do rei Luís Filipe, o agora duque de Bragança adquiriu uma casa e Isabel Maria começou a passar os finais de semana com a família. Dessa vez, d. Amélia a aceitou e acabou adotando-a como filha. Em 25 de janeiro de 1832, d. Pedro seguiu para Portugal para retomar o trono usurpado por seu irmão, d. Miguel, deixando Isabel Maria aos cuidados da esposa e da sogra, a duquesa Augusta.  Logo após as forças constitucionais conquistarem Lisboa, d. Pedro enviou a Paris seu cunhado, o marquês de Loulé, para trazer d. Amélia e d. Maria II para o território português. A duquesa de Goiás, nessa ocasião, voltou para o internato.
D. Pedro morreu em 24 de setembro de 1834 e a tarefa de criar Isabel Maria foi assumida por d. Amélia e por sua mãe. A duquesa fora separada da marquesa de Santos com tão pouca idade que não tinha qualquer recordação de sua mãe biológica e por isso tinha d. Amélia e a duquesa Augusta como suas mãe e avó naturais.  Em 1839, sob a tutoria do marquês de Resende, Isabel Maria seguiu para Munique e ingressou no Real Instituto de Moças para concluir seus estudos.  Em 1841, d. Amélia enviou notícias de seu progresso ao enteado, o imperador d. Pedro II"Todos estão muito contentes com Isabel Maria no instituto, e minha mãe escreveu que ela cresce e se embeleza todos os dias."

Casamento

Nessa época, d. Amélia passou a procurar um marido adequado para a enteada. Embora tenha recebido uma considerável herança do pai, o dote de Isabel Maria foi provido por d. Pedro II, d. Maria II e pela própria madrasta, que encarregou-se pessoalmente de seu enxoval.
Em 1842, a duquesa de Bragança comunicou o imperador do Brasil que havia acertado o casamento da duquesa de Goiás com Ernesto José João Fischler de Treuberg, 2º conde de Treuberg e barão de Holsen, filho de Francisco Xavier Nicolau Fischler von Treuberg e de sua esposa Maria Crescência Ana Joana, filha caçula de Carlos Frederico, príncipe de Hohenzollern-Sigmaringen. Treze anos mais velho que a jovem, o conde era um rico proprietário de terras e aparentado com a família real da Prússia pelo lado materno. Em novembro desse ano, d. Amélia pediu a d. Pedro II que concedesse ao futuro cunhado a Ordem da Rosa.  A cerimônia de casamento ocorreu no Palácio Leuchtenberg, em Munique, em 17 de abril de 1843.  O casal teve quatro filhos:
  • Maria Amélia Fischler von Treuberg (1844–1919)
  • Fernando Fischler, 3.º conde de Treuberg (1845–1897)
  • Augusta Maria Fischler von Treuberg (1846–?)
  • Francisco Xavier Fischler von Treuberg (1855–1933)

Relação posterior com a duquesa de Bragança

Após casar-se, em 1848, com Maria Isabel de Alcântara Bourbon (irmã da duquesa de Goiás), o conde de Iguaçu tentou contatar a cunhada na Baviera. Isabel Maria, como se sabe, não tinha nenhuma recordação de sua família materna e ficou chocada quando recebeu do conde, como provas de sua ascendência, as cartas trocadas entre d. Pedro e a marquesa de Santos nas quais os amantes mencionavam a filha. A história, que havia sido ocultada da duquesa por desejo expresso do imperador, acabou por abalar a relação familiar que Isabel mantinha com dona Amélia.

Últimos anos

O conde de Treuberg morreu em 1867, aos 50 anos de idade, apenas seis meses antes da morte de sua sogra, a marquesa de Santos. Isabel Maria morreu em Murnau am Staffelsee, em 3 de novembro de 1898, exatamente 31 anos após a morte de sua mãe.

Nenhum comentário:

Postar um comentário